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10 coisas que todo pai cristão deveria saber

Pai e filho e skate - Livrinhos do Caminho

Primeira parte

Criar filhos nunca foi simples. E criar filhos com base nos ensinamentos de Cristo em um mundo cada vez mais cético… parece um desafio ainda maior. Não é de se admirar que muitos pais cristãos olhem para suas rotinas diárias e se perguntem: “Estou fazendo isso direito?” Ter dúvidas faz parte do processo. Mas há algo reconfortante nisso tudo: Deus nunca esperou perfeição de você como pai. Ele só pede fidelidade.

Ser pai cristão é muito mais do que levar os filhos à igreja aos domingos ou ler histórias bíblicas na hora de dormir – embora ambas sejam atitudes importantes. Trata-se de viver cada momento como uma oportunidade de refletir o amor de Deus dentro do lar. É uma jornada constante entre ensinar e aprender, corrigir e ser corrigido, liderar e servir.

Há, é claro, muitas ideias sobre como fazer isso bem. Livros, palestras, podcasts… recursos não faltam. Mas talvez você tenha notado que a criação cristã não se resume a métodos “infalíveis”. Na verdade, ela começa com princípios inegociáveis – valores essenciais que se tornam como fundações sólidas em meio à tempestade cultural e espiritual ao nosso redor.

Esses valores podem ser resumidos em lições simples, mas fundamentais. Vamos conversar sobre algumas delas agora – começando pelo princípio mais poderoso (e talvez mais negligenciado): o exemplo pessoal.


O exemplo fala mais alto

Pais sempre dizem aos filhos como devem agir: “faça isso”, “não faça aquilo”. Mas vamos ser sinceros por um momento: quantas dessas palavras realmente ficam? A verdade desconfortável – porém libertadora – é que as crianças aprendem mais observando do que ouvindo. Isso vale ainda mais quando o assunto é fé.

Pense por um instante na sua própria caminhada com Cristo. Quem moldou sua visão sobre Deus? Foi provavelmente alguém cujas ações confirmavam as palavras deles: o jeito como tratavam as pessoas; como respondiam ao sofrimento; como demonstravam integridade mesmo quando ninguém parecia olhar. O mesmo vale para você agora, no papel de pai ou mãe. Se você deseja que seus filhos aprendam a orar, eles precisam ver você dobrando os joelhos em reverência a Deus. Se deseja que eles tenham compaixão pelas pessoas ao redor, precisam notar sua generosidade nas pequenas coisas do dia a dia – aquele tempo extra dado ao vizinho idoso ou aquele prato de comida entregue a quem tem fome.

Isso quer dizer que você precisa ser perfeito? Claro que não! Perfeição não seria realista nem saudável (e seu filho perceberia isso logo). Em vez disso, trata-se de autenticidade: você está vivendo o que prega? Seus filhos conseguem enxergar em casa o mesmo compromisso com Cristo que ouvem na igreja? Mais do que isso: quando você erra (e vai cometer erros), eles enxergam em você um exemplo de humildade ao admitir suas falhas e buscar o perdão?

Como pais cristãos, grande parte do testemunho acontece nos momentos comuns – enquanto lavamos a louça juntos ou chegamos atrasados à escola porque tivemos uma manhã difícil. Nesses momentos pequenos, mas frequentes, o exemplo brilha ou desmorona.


Discipular desde cedo

Um erro comum é pensar no discipulado apenas em termos formais: leitura coletiva da Bíblia aqui, oração ali… Mas discipulado não é apenas o momento devocional. É uma caminhada contínua – dia após dia – ao lado dos seus filhos.

Lembra-se daquele versículo em Deuteronômio 6:7? “Ensine-as com persistência a seus filhos. Converse sobre elas quando estiver sentado em casa, quando estiver andando pelo caminho…” Essa passagem nos dá um vislumbre prático sobre o discipulado infantil: ele acontece enquanto vivemos. A cada refeição compartilhada ou estrada percorrida juntos existe uma chance de ensinar algo eterno.

Isso significa começar desde cedo – porque nossos corações são moldáveis na infância como poucas vezes serão na vida adulta. Cante louvores enquanto embala seu bebê à noite. Leia histórias bíblicas com entusiasmo (mesmo quando você estiver exausto). Ensine pequenos versículos enquanto caminham até o parquinho.

Não subestime esses atos simples. Pequenas sementes plantadas podem gerar árvores imensas lá na frente. Escutar faz parte do discipulado. Seus filhos têm dúvidas; eles farão perguntas difíceis com o tempo (“Papai/mamãe… Deus realmente responde todas as orações?”) e você precisará ouvi-los atentamente sem cair na tentação de responder automaticamente ou minimizar suas preocupações.


Valores bíblicos sem religiosidade

Aqui está uma armadilha comum: confundir ensino cristão profundo com regras religiosas superficiais. Isso afasta mais jovens do Evangelho do que aproxima.

Os valores da Bíblia são transformadores porque vêm cheios de propósito divino (justiça, amor, verdade), enquanto a religiosidade vazia só impõe cobranças externas (faça isso ou Deus ficará bravo). Como pai cristão, sua tarefa é ajudar seus filhos a entender a diferença entre ambos.

Por exemplo: ao invés de simplesmente exigir obediência (“porque sim”), mostre por que obedecer reflete confiança em Deus e resulta em paz interior – como ensinado tantas vezes nas Escrituras. Crie conversas abertas. Faça perguntas provocativas (“O que Jesus faria aqui?”, “Por que Deus quer isso para nossa vida?”). Vá muito além das proibições automáticas.


Autoridade com amor: o equilíbrio

Criar filhos exige muitas decisões difíceis. Corrigir ou aliviar? Dar liberdade ou delimitar fronteiras? E há outra pergunta que ecoa na mente de cada pai cristão: “Como mostrar autoridade sem perder o coração do meu filho?”

A Bíblia deixa claro que Deus nos chama a corrigir nossos filhos – a famosa máxima de Provérbios 22:6 ainda ressoa: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele.” Mas isso não significa cair na armadilha da rigidez excessiva. Muitos pais confundem autoridade com controle. Só que controle sufoca; já a verdadeira liderança aponta para Cristo.

O segredo está no equilíbrio: autoridade temperada por amor incondicional. A autoridade não deve ser temida, mas respeitada; o amor não deve ser permissivo, mas firme. Pense em como Deus age conosco – ele corrige porque nos ama (Hebreus 12:6). E quando falhamos, ele nos chama para perto, oferece perdão e restaura nosso relacionamento.

Fique atento às necessidades de cada fase da vida dos seus filhos. Uma criança pequena talvez precise mais de instruções claras e consistentes; já um adolescente pode estar pedindo espaço para questionar e até discordar. E isso é saudável! O equilíbrio acontece quando você corrige sem humilhar e ama sem idolatrar.


Orando por e com seus filhos

Há algo poderoso na oração – algo que vai muito além das palavras ditas. Quando você ora por seus filhos, está entregando suas vidas nas mãos daquele que os criou e os ama ainda mais do que você jamais poderia amar.

Mas sabe o que é ainda mais transformador? Orar com seus filhos. Sentar juntos antes de dormir e agradecer pelo dia. Pedir sabedoria para lidar com decisões difíceis na escola ou no trabalho. Mesmo uma oração simples transmite algo profundo: estamos juntos nisso, como família – e Deus está conosco.

E não desista caso seus filhos não estejam interessados logo de cara. Ore por eles em silêncio. Ore pela salvação deles, pelo futuro deles, pelas pessoas que cruzarão seus caminhos. Nunca subestime o impacto da intercessão constante – mesmo quando não parecer haver nenhum resultado imediato. Orar é como plantar sementes que podem florescer ao longo do tempo.

No fim das contas, nossos filhos não permanecem crianças para sempre. O tempo voa – às vezes devagar no meio das fraldas e noites mal dormidas; às vezes depressa enquanto você assiste ao primeiro recital ou ao último jogo da temporada.

Mais do que brinquedos caros ou heranças financeiras, existe algo que realmente importa: um legado espiritual. Ensine seus filhos a amarem a Deus acima de todas as coisas. Mostre com sua vida como confiar nas promessas dele nas alegrias e nas tempestades.

Cada pequena lição conta. Cada conversa sobre fé. Cada ato de perdão ou compaixão observado por olhos atentos. Tudo isso é como uma semente lançada em um coração jovem, capaz de crescer e deixar marcas que perduram por gerações.

Nunca se esqueça disso: você não faz nada disso sozinho. Deus caminha ao seu lado nessa jornada de criar filhos segundo o coração dele. Ele conhece os seus medos, sabe das suas limitações, e mesmo assim escolheu você para ser pai ou mãe dessas crianças tão valiosas.

Confie nele. Ame profundamente. Ensine com paciência. E deixe o Espírito Santo fazer o resto.

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