Numa roda de conversa entre amigos, é comum – para não dizer frequente – alguém comentar de experiências ruins vividas em frente a uma TV em razão de algo que viu ou ouviu que não era adequado para a sua idade. Muitas crianças acabam sendo expostas a conteúdos que não são indicados a elas pelo fato de que, quando assistidos, não são digeridos corretamente ou, na pior da hipóteses, causam traumas e medos que não existiam até a fatídica exposição.
Ver ou não ver, eis a questão!
O “Parental Advisory” existe há anos e vamos entender os porquês e como essa categorização de conteúdos foi criada. Entretanto, quando falamos de canais de vídeos em plataformas digitais cujos “atores” e donos do canais não possuem todos os cuidados para classificar o conteúdo para a faixa etária adequada, as crianças acabam sendo bombardeadas com informações que nunca, numa temporalidade finita enquanto crianças, deveria ter chegado até elas.
Nós, do Livrinhos do Caminho, não encorajamos as telas; pelo contrário: incentivamos a leitura, as brincadeiras, os tempos de qualidade em família, atividades ao ar livre e explorar a maravilhosa criatividade e curiosidade das crianças para criar brinquedos a aprender o máximo que puder, principalmente na primeira infância. Mas entendemos que, numa era digital como essa que vivemos, negativar ou restringir as telas em qualquer circunstância é algo difícil e, talvez, não seja necessário. Importante é saber restringir e controlar a tudo ao que as crianças assistem como também ao tempo que assistem.
Por isso, criamos esse guia completo para ajudar a pais e mães a entenderem a importância desse tema e também mostrar algumas formas de garantir que o conteúdo que chegará às crinças é saudável e adequado com o que cremos e queremos a elas.
O surgimento do “Parental Advisory”: Uma Linha do Tempo Detalhada
O termo “Parental Advisory” (“Aviso aos Pais” ou “Controle Parental” em português) se tornou um símbolo reconhecido mundialmente, alertando sobre conteúdo explícito em músicas, filmes, entre outros, e rotulando esses conteúdos por faixa etária. Sua história é marcada por diferentes etapas e contextos, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil. Vamos dar uma viajada através do tempo para desvendar os detalhes dessa história:
Estados Unidos:
- 1985: A Recording Industry Association of America (RIAA) introduz o Parental Advisory Label Program, um sistema voluntário de rotulagem para alertar os pais sobre músicas com linguagem explicitamente violenta ou que fizessem menção a temas de drogas e sexo. O selo original era uma imagem de um triângulo vermelho com a exclamação “Parental Advisory” dentro.
- 1990: A RIAA atualiza o selo para a imagem que conhecemos hoje: um triângulo vermelho com as palavras “Parental Advisory” e “Explicit Content” (“Conteúdo Explícito”) em preto e branco.
- 1996: O Telecommunications Act torna obrigatória o rótulo de músicas com conteúdo explícito nos discos de música e nos programas/filmes para a televisão. O selo “Parental Advisory” se torna um padrão a ser utilizado por artistas e emissoras.
- 2000: A RIAA introduz um novo selo, “Parental Advisory – Lyrics” (“Aviso aos Pais – Letras”), para músicas com letras explícitas.
- 2006: A RIAA simplifica o sistema de rótilos, eliminando o selo “Parental Advisory – Lyrics” e tornando o selo original obrigatório para todas as músicas com conteúdo inadequado para uma certa faixa etária.
Brasil:
- 1990: A Associação Brasileira da Indústria Fonográfica (ABIF) adota o selo “Parental Advisory” de forma voluntária, seguindo o modelo americano.
- 2001: O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) torna obrigatória o rótulo de músicas com conteúdo impróprio para menores de 18 anos. O selo “Parental Advisory” se torna o padrão no Brasil. Quem não lembra dos CDs de Rap com o selo nele?
- 2006: O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) publica a Resolução 170, que define os critérios para a classificação indicativa de músicas e vídeos. O selo “Parental Advisory” continua a ser utilizado para indicar conteúdo impróprio para menores de 18 anos.
A crescente preocupação com o impacto de certos conteúdos
A história do “Parental Advisory” demonstra que houve uma crescente preocupação com o impacto de certos conteúdos na mente, conduta, emoção e na vida de crianças, adolescentes e jovens quando expostos a certos conteúdos. A obrigatoriedade dos rótulos nos EUA, Brasil e em tantos outros países demonstra que essa preocupação não é algo isolado ou decorrente de algum estudo filosófico ou teórico, mas sim uma realidade global.
Criar lista de programas permitidos
A TV tinha uma lista finita de canais. Hoje, na era digital, a internet possibilita infinitos canais e conteúdos aos pequeninos e ele não podem definir e escolher o que irão assistir. Eles não tem maturidade para fazer essa escolha. Essa responsabilidade é dos PAIS e MÃES!
É muito difícil não ter internet em nossas casas nos dias de hoje e não há necessidade de eliminar a internet ou os aparelhos de TV, tablets, celulares, entre outros, para garantir que as crianças não assistam o que não devem. É só impor limites (limites são saudáveis e preservam a vida – senão penhascos e locais de extremo risco de vida não informariam “Não ultrapassar: risco de queda… risco de vida… risco de…”.
Todos os pais devem se preocupar com esse tema. Pais cristãos possuem um desafio talvez um pouco mais complexo, pois, além de garantir que os conteúdos sejam apropriados para a idade das crianças, os pais devem se certificar se o que está sendo transmitido às crianças convergente ou não com os princípios e valores cristãos.
Mas não abandone o seu posto de pai e mãe, pois seus filhos precisam de você. Busque encontrar um equilíbrio entre o entretenimento, a educação e a fé na criação dos pequenos pois isso é algo essencial para garantir que seus filhos tiveram suas inocências preservadas e que puderam ser crianças no tempo em que haviam de ser crianças.
Por isso, criamos este guia completo com o objetivo de auxiliar pais e mães, principalmente aqueles que acreditam na Bíblia como guia de vida, na jornada de selecionar programas de TV adequados para seus filhos, estabelecendo limites de tempo de tela saudáveis e promovendo um ambiente saudável e edificante para toda a família.
A Importância de Selecionar Programas de TV Alinhados com Valores Cristãos
A escolha consciente de programas de TV para crianças vai além do mero entretenimento. É uma oportunidade de transmitir valores importantes, moldar o caráter e fortalecer a fé dos pequenos. Ao selecionar programas que estejam alinhados com os princípios cristãos, os pais podem:
- Promover valores como a fé em Deus, a amizade, o respeito, a honestidade e a compaixão.
- Ensinar sobre a importância da família, dos amigos e das pessoas fazem parte do nosso dia-a-dia.
- Expor as crianças a modelos positivos de comportamento.
- Estimular a reflexão crítica e o senso ético.
- Criar um ambiente familiar acolhedor e edificante.
Sugestões de Programas de TV Recomendados para Crianças
Encontrar programas de TV que atendam a esses critérios pode parecer desafiador, por isso sempre recomendamos o mínimo de telas possível, pois as telas não fazem falta alguma! Crianças podem – e acredito que são – muito felizes brincando na rua, com os seus brinquedos, lendo livros, criando coisas e a TV não faz falta alguma a elas. mas com um pouco de pesquisa e discernimento, é possível encontrar opções excelentes para crianças de todas as idades. Abaixo, listamos algumas sugestões de programas de TV recomendados, divididos por categorias:
Clubes de Assinatura de Conteúdo Infantil:
- Netflix: Possui alguns conteúdos que abordam princípios e valores cristãos e que não expõe as crianças a conteúdos violentos ou inadequados para elas, como é o exemplo da releitura feita pelo Netflix da série OS VEGETAIS, um clássico dos anos 90 que recebeu uma nova edição para o Netflix. A série apresenta histórias da Bíblia e valores cristãos. Ideal para pais que querem que os seus filhos sejam inseridos num contexto de moral e princípios cristãos.
- Amazon Prime: Desenhos Bíblicos do Novo Testamento (em inglês, “Animated Stories from the New Testament”), uma série maravilhosa de 1987 que narra os principais eventos do Novo Testamento (e possui também a versão do Velho Testamento) de forma muito cativante e teologicamente alinhado com a Bíblia Sagrada. Vale super a pena! É uma ótima forma de evangelizar as crianças.
- Youtube: Smilinguido! A série é antiga, mas muito boa! As crianças adoram e aprendem muito sobre amizade, amor, caridade, mansidão, domínio próprio, empatia, coragem, fé, entre outros temas que são fundamentais no processo de desenvolvimento do caráter de uma criança.
Canais de TV Abertos: No passado, os desenhos Bíblicos eram transmitidos pelo SBT (quem é dos anos 90 lembra), porém hoje esses desenhos dificilmente são encontrados na tv aberta. Como a TV precisa manter a audiência que possui e que, aos poucos, migra para o ambiente streaming digital, eles apelam – não sempre, mas muitas vezes – para desenhos agitados, violentos e que prendem a atenção das crianças por ser algo que impactante a elas! Surpreenda elas, então, com os milagres de JESUS mostrados no desenho “Animated Stories from the New Testament”. Crie nelas a expectativa de ver milagres acontecendo hoje. Quanto aos demais desenhos, não vemos muito conteúdo seguro a ser assistido. Se alguém quiser compartilhar ou sugerir algo, escreva nos comentários que avaliaremos para incluir aqui.
Dicas para Escolher Programas de TV Adequados:
- Considere a idade e o nível de maturidade da criança.
- Leia as avaliações e análises de especialistas antes de permitir que a criança assista a um programa.
- Assista aos episódios junto com a criança para avaliar o conteúdo e a qualidade. Essa é uma oportunidade valiosa para conversar sobre o que está sendo assistido, reforçando valores morais e ensinamentos bíblicos. Discuta com a criança sobre as atitudes dos personagens, os conflitos apresentados e como eles são resolvidos. Utilize os programas como ponto de partida para reflexões sobre gratidão, compaixão, perdão e outros conceitos cristãos.
- Converse com a criança sobre o que ela está assistindo e utilize os programas como ponto de partida para discussões sobre valores e fé.
- Incentive a criatividade e o pensamento crítico: Após assistir a um programa, proponha atividades lúdicas relacionadas ao conteúdo. Isso pode incluir desenhar seus personagens favoritos, criar histórias baseadas no programa, ou encenar cenas que exemplifiquem valores cristãos.
- Utilize os programas como ferramentas de aprendizado: Programas educativos podem ser excelentes aliados no processo de aprendizagem. Aproveite o conteúdo apresentado para ampliar o conhecimento da criança sobre temas como a história bíblica, a natureza, a cultura e a ciência.
Estabelecendo Limites de Tela Saudáveis para Crianças
O tempo de tela excessivo pode ter consequências negativas para o desenvolvimento físico, emocional e social das crianças. É fundamental estabelecer limites de tempo de tela adequados para cada faixa etária, de acordo com as recomendações de especialistas da área da saúde e da educação. Falamos sobre isso num texto completo aqui, mas segue um resumo para conhecimento e verificação se você está seguindo as recomendações dos profissionais de saúde infantil:
- De 0 a 2 anos: Evitar a exposição à tela. Priorizar atividades interativas e presenciais.
- De 2 a 5 anos: Até 1 hora por dia. Programas educativos de alta qualidade, com a presença e mediação de um adulto.
- De 5 a 10 anos: Até 2 horas por dia. Programas educativos e de entretenimento, com a supervisão de um adulto.
- Acima de 10 anos: Até 3 horas por dia. Conteúdos variados, com foco em programas educativos e de entretenimento de qualidade.
Dicas para Limitar o Tempo de Tela:
- Defina horários específicos para assistir TV e utilize ferramentas de controle parental, se necessário.
- Ofereça alternativas ao tempo de tela: Incentive atividades físicas, leitura, brincadeiras ao ar livre e interação social.
- Seja um exemplo para seus filhos: Limite seu próprio tempo de tela e demonstre hábitos saudáveis de consumo de mídia.
- Crie um ambiente familiar livre de distrações durante as refeições e o período de sono.
Além da Tela: Cultivando a Fé na Era Digital
Limitar o tempo de tela é importante, mas não é suficiente. A criação de um ambiente familiar saudável e centrado em Deus é crucial para o desenvolvimento espiritual das crianças. Aqui estão algumas sugestões para complementar a jornada digital:
- Estabeleça uma rotina devocional familiar: Dedique um tempo diário ou semanal para a leitura da Bíblia, oração e louvor em família.
- Converse sobre fé no cotidiano: Utilize situações do dia a dia para ensinar lições bíblicas e falar sobre o amor de Deus.
- Incentive a participação em atividades da igreja.
- Seja um modelo de fé: Os filhos observam e aprendem com o exemplo dos pais. Demonstre sua fé através de suas palavras e ações.
Conclusão: Navegando pelo Mundo Digital com Fé e Sabedoria
A era digital apresenta desafios e oportunidades. Ao selecionar programas de TV adequados, estabelecer limites de tela saudáveis e se envolver ativamente com tudo aquilo que os filhos assistem, pais e mães podem criar um ambiente enriquecedor e edificante para seus filhos. Ao combinar o entretenimento com a fé, os pais podem auxiliar seus filhos a desenvolver uma fé firme, valores sólidos e um senso crítico para discernir o que é bom e edificante. Lembre-se, a tecnologia é uma ferramenta, e cabe aos pais utilizá-la de forma sábia e responsável para o bem-estar físico, emocional e espiritual dos seus filhos.